À medida que as mulheres envelhecem, ocorre uma queda na produção hormonal, que afeta vários receptores do corpo, levando a um ressecamento da área vaginal. Isso torna o sexo doloroso, desconfortável e pode causar sangramentos. Pode-se perceber que a libido ficará diferente e que talvez desapareça com o tempo. A libido varia muito de mulher para mulher e também pode naturalmente mudar durante os diferentes ciclos da vida feminina. Essa queixa é muito comum entre as mulheres, principalmente acima dos 60 anos, e afeta negativamente a qualidade de vida feminina e a conjugalidade. Isso tem o efeito combinado de não apenas causar problemas dentro das “quatro paredes do quarto”, mas também afetará seus próprios níveis de confiança.
Você sabia que muitas mulheres experimentam uma perda da confiança e da autoestima por volta dos quarenta e poucos anos?
Durante a transição menopausal e a menopausa propriamente dita ocorrem alterações hormonais que provocam diferentes efeitos nos órgãos genitais e no sistema nervoso central feminino. É uma coisa gradual – não se percebe quando começa. Mas se isso estiver acontecendo de mãos dadas com a transição para a menopausa, uma crise de confiança poderá atingir a mulher como um ônibus. E os efeitos na vida sexual podem ser devastadores.
As queixas sexuais são frequentes durante toda a vida reprodutiva feminina, mas durante o climatério as mulheres podem ficar mais vulneráveis à disfunção sexual devido à interação de vários fatores: hormonais, físicos, psicológicos, sociais e relativos ao parceiro sexual.
Portanto, as causas vão muito além das mudanças hormonais do período e podem incluir sintomas vaginais na pós-menopausa, fadiga e dor corporal, estressores da vida, hábitos ruins de vida, sedentarismo, falta de autoconhecimento e preocupações com a própria imagem corporal. O uso de medicamentos com ação no sistema nervoso central pode interferir na resposta sexual, ao mesmo tempo que o tratamento de certas condições crônicas, com a medicação correta e a mudança no estilo de vida, pode melhorar a função sexual. Os relacionamentos infelizes, as relações conflituosas de longa duração, a rotina relacional, a ausência do ritual de sedução, as preliminares insuficientes, a disfunção sexual da parceria, os períodos de estresse ou baixa compatibilidade sexual também podem afetar a libido.
As alterações hormonais, de fato, podem influenciar direta ou indiretamente na função sexual feminina. Os estrogênios são particularmente importantes na manutenção do tecido genital saudável. Níveis mais baixos de estrogênio na pós-menopausa podem fazer com que os tecidos ao redor da vagina se tornem mais finos, secos, sensíveis e inflamados – conhecidos como atrofia vaginal ou vaginite atrófica. A vagina também se expande com menos facilidade durante o sexo, tornando-o desconfortável ou doloroso. E se a relação sexual deixa de ser prazerosa para ser dolorosa, ela pode passar a ser evitada, repercutindo negativamente na vida do casal. O nível mais baixo de estrogênio também afina o revestimento da bexiga, levando ao desejo de urinar com mais frequência. Algumas mulheres referem que têm infecções recorrentes no trato urinário.
É um fato assustador: estima-se que a atrofia genital afete cerca de 80% das mulheres durante a menopausa, com alguns especialistas afirmando que este número chegue perto dos 100%, simplesmente porque vaginas, vulvas e bexigas envelhecem na mesma proporção que o resto do corpo.
Com toda essa dor e desconforto, seria comum se pensar que as mulheres estariam procurando avidamente por ajuda para aliviar esses sintomas. Mas pesquisas recentes constataram que as mulheres frequentemente não relatam seus sintomas e, por consequência, não recebem tratamento. Há uma tremenda dificuldade de comunicação em relação à questão do desconforto vaginal e uma aparente falta de diálogo sobre o assunto durante as consultas médicas.
SECURA VAGINAL: É REALMENTE O FIM DA VIDA AMOROSA?
O que fazer em relação a isso? Lembre-se: não fazer nada não é uma opção!
Se você percebeu essas mudanças genitais, não perca mais tempo: procure um ginecologista. Além de avaliar a gravidade do problema, o médico poderá orientar a melhor opção de tratamento.
Algumas dessas opções incluem:
- Terapia de reposição hormonal (TRH)
A TRH convencional em comprimidos, adesivos ou géis cutâneos pode ajudar, mas esse tipo de prescrição por si só não faz muito pela área vaginal. O ideal é associar ou usar isoladamente um dos tratamentos vaginais citados a seguir.
- Cremes vaginais
2.1. Creme hidratante vaginal: esse tipo de produto não contém hormônios e cria uma espécie de “filme” na parede da vagina, melhorando sua hidratação. Seu efeito pode durar horas ou dias e sua ação depende da autoaplicação da mulher. Sua indicação está centrada nos casos menos graves de atrofia genital ou para aquelas mulheres que não podem usar métodos hormonais.
2.2. Cremes com baixas doses de estrogênios: um creme à base de estrogênio pode ser administrado diretamente dentro da vagina. Usar estrogênio dessa maneira não é o mesmo que tomar a TRH, portanto não apresenta os mesmos riscos associados. Pode ser utilizado regularmente com segurança pela maioria das mulheres por um longo período de tempo, o que é importante, pois os sintomas podem continuar quando se está na pós-menopausa e geralmente retornam quando se interrompe o tratamento. São mais eficazes que os hidratantes, considerados o padrão ouro para tratamento dos sintomas geniturinários da menopausa. Também dependem da autoaplicação vaginal da mulher, portanto a disciplina do uso interfere nos resultados esperados.
2.3. Lubrificantes: existem muitos produtos disponíveis nas principais farmácias e supermercados, que são vendidos sem prescrição médica. No Brasil, os lubrificantes à base de água podem ser uma ótima opção para uso durante o ato sexual, para diminuir o atrito durante o coito, como agentes coadjuvantes aos tratamentos propostos. Portanto, eles não tratam a mucosa vaginal – apenas ajudam durante o ato sexual. Antes de utilizá-los, procure um especialista e verifique se ele é recomendado para secura vaginal. Caso contrário, é desperdício de tempo e dinheiro.
- Uso de dispositivos à base de energia
Atualmente, além dos tratamentos convencionais acima citados, novas tecnologias à base de energia, como lasers e radiofrequências, podem ser usadas para tratamento da síndrome geniturinária da menopausa, contribuindo muito para a saúde íntima da mulher. Essas tecnologias são aplicadas diretamente na mucosa vaginal num procedimento simples, realizadas em sessões de acordo com a necessidade das pacientes, dentro do consultório médico. São alternativas interessantes para mulheres que tiveram câncer de mama e por isso não podem fazer TRH, para mulheres que já utilizaram os outros tratamentos e não sentiram melhora e para aquelas que já melhoraram, mas gostariam de efeitos mais duradouros, sem a necessidade de ficar aplicando um creme dentro da vagina. Converse com um ginecologista e saiba a indicação para utilizar esses recursos.
Após o tratamento proposto pelo ginecologista, os sintomas devem melhorar dentro de algumas semanas, desde que haja adesão à proposta terapêutica. Consulte um profissional de saúde se não houver melhora, pois esses sintomas podem ocorrer devido a outras condições, ou o tratamento proposto não surtiu o efeito desejado e deve ser elaborada uma nova proposta.
Qualidade de vida – não é disso que se trata? Não sofra em silêncio! E volte a ser você mesma após a menopausa!!!