Afinal, o que é menopausa?
A menopausa é o nome dado a interrupção permanente das menstruações. A menopausa geralmente ocorre quando seus ovários param de produzir óvulos e também produzem menos estrogênio (o principal hormônio feminino). Em média, isso acontece por volta dos 45 e 55 anos de idade. Isso geralmente é resultado do envelhecimento e é um processo normal.
Como se sabe se uma mulher está na menopausa?
Clinicamente considera-se que a mulher está na menopausa quando ela ficou naturalmente doze meses sem menstruar.
Se você tiver feito uma cirurgia para remover os ovários (ooforectomia bilateral), é muito provável que tenha sintomas abruptos da menopausa, que podem ser muito graves. Se você foi submetida a uma histerectomia (remoção do útero), os ovários continuam a funcionar. Mas é mais provável que eles parem de funcionar adequadamente um pouco mais cedo. Mulheres que receberam radioterapia em sua área pélvica ou alguns tipos de quimioterapia como tratamento para alguns tipos de câncer podem experimentar a menopausa precocemente.
A menopausa prematura (antes dos 40 anos) pode ocorrer em algumas famílias. Portanto, pode valer a pena perguntar à mãe e a outras mulheres da família quantos anos elas tinham quando os períodos pararam.
É importante tratar a menopausa?
A menopausa é um evento natural. Toda mulher vai passar por isso em algum momento. Algumas mulheres apresentam poucos ou mesmo nenhum sintoma e seus períodos simplesmente param de acontecer. No entanto, para a maioria das mulheres, isso não é tão simples e cerca de 80% de todas as mulheres experimentam vários sintomas. Cerca de 25% dessas mulheres têm sintomas muito graves.
Os sintomas que se pode experimentar na menopausa variam entre mulheres diferentes e podem mudar com o tempo. Esses sintomas geralmente têm um impacto muito negativo na vida e podem realmente afetar os relacionamentos com o parceiro (a), família e colegas de trabalho.
Durante o período de transição, também chamado de peri menopausa ou climatério, algumas mulheres percebem que seus períodos se tornam gradualmente mais leves e irregulares. No entanto, outras descobrirão que seus períodos se tornam mais frequentes e mais “pesados”, com sangramentos inoportunos e abundantes.
Algumas mulheres experimentam sintomas apenas por alguns meses. Para muitas outras mulheres, seus sintomas podem durar vários anos. No entanto, para cerca de um terço das mulheres os sintomas podem durar mais de dez anos.
E quais são esses sintomas?
Dentre os sintomas mais comuns estão:
- Ondas de calor
- Suores noturnos
- Mudanças de humor
- Depressão, ansiedade e irritabilidade
- Cansaço
- Insônia
- Falta de concentração
- Falta de libido
- Secura vaginal, coceira ou dor
- Dor durante a relação sexual
- Sintomas urinários
Sintomas menos comuns:
- Dores musculares e articulares
- Alterações no cabelo e na pele (como pele seca ou com coceira)
- Problemas de memória
- Ataques de pânico
- Agravamento de dores de cabeça e enxaquecas
Quais são os riscos potenciais para a saúde feminina durante a menopausa?
Além dos sintomas, que já impactam negativamente as vidas das mulheres, existem riscos reais a longo prazo para a saúde do corpo quando se passa pela menopausa. Dentre eles, destacam-se a osteoporose e as doenças cardiovasculares.
Osteoporose
No corpo, existem células que constantemente depositam novo tecido ósseo e outras que reabsorvem ossos mais velhos e desgastados. À medida que se envelhece, esse equilíbrio muda para que mais ossos sejam removidos do que formados. Isso pode levar a uma alteração na força e na estrutura dos ossos, conhecida como osteoporose.
A osteoporose é muito mais comum após a menopausa, pois o estrogênio trabalha para manter os ossos fortes, de modo que, com a queda dos níveis de estrogênio, a perda óssea se torna mais rápida. Ter osteoporose aumenta o risco de fraturar (quebrar) um osso. E sofrer uma fratura por osteoporose pode realmente afetar a qualidade de vida futura, privando a pessoa de uma vida independente.
Doença cardiovascular
Doença cardiovascular significa doença do coração e dos vasos sanguíneos, por isso inclui ataques cardíacos (infartos) e derrames (acidentes vasculares cerebrais). O risco de doença cardiovascular aumenta após a menopausa, pois o estrogênio é muito importante para manter os vasos sanguíneos saudáveis.
Outras doenças
Há um risco aumentado de osteoartrite, diabetes tipo 2 e demência em algumas mulheres após a menopausa.
Reposição hormonal na menopausa
A terapia de reposição hormonal (TRH) é o tratamento mais eficaz disponível para melhorar os sintomas e que também pode reduzir o risco de outras doenças, como osteoporose e doenças cardiovasculares.
Infelizmente, algumas evidências passadas repercutiram negativamente no uso e na prescrição da TRH, fazendo com que muitas mulheres tenham medo e preocupações em usá-la. Essa má impressão deve-se em grande parte a um grande estudo que foi publicado em 2002, chamado de Women’s Health Initiative (WHI) que, desde então, demonstrou ter vários problemas. Na verdade, esse estudo incluiu mulheres mais velhas (na faixa dos 60 anos), que receberam tipos de TRH que não prescrevemos mais atualmente.
Curiosamente, os autores deste estudo se desculparam publicamente em uma revista médica muito tradicional (NEJM), pois admitiram que as pessoas interpretaram mal os seus resultados e essa é uma das principais razões pelas quais as mulheres estão desnecessariamente preocupadas em fazer a TRH.
Atualmente sabemos, embasados em muita pesquisa posterior ao WHI, que para a maioria das mulheres que começam a tomar TRH com menos de 60 anos, os benefícios da TRH realmente superam quaisquer riscos. Isso significa que, para as mulheres que podem, é seguro tomar a TRH e a TRH pode fornecer efeitos positivos para sua saúde futura, especialmente seus ossos e coração.
O que é TRH?
A terapia de reposição hormonal (TRH) é um tratamento que contém hormônios. O tipo de hormônio que se precisa e as doses que se recebem variam entre cada mulher. Portanto, não existe “receita de bolo”. Todos os tipos de TRH contêm um tipo do hormônio estrogênio. Isso substitui o estrogênio que os ovários não produzem mais após a menopausa. Se a mulher ainda tem útero, ou seja, nunca fez cirurgia para removê-lo (não teve histerectomia), também precisará tomar associado um progestogênio (um tipo do hormônio progesterona), que geralmente é administrado de forma combinada ao estrogênio, ou pode ser associado separadamente, como um comprimido ou até mesmo como um DIU liberador de tal hormônio.
A testosterona é outro hormônio que as mulheres produzem (em menor quantidade que os homens, mas produzem) e que, durante a menopausa, seus níveis ficam ainda menores, podendo causar sintomas como baixa concentração, baixa energia e libido reduzida (falta de desejo sexual). Quando necessário e em situações muito específicas, o médico especialista em menopausa poderá indicar o seu uso, geralmente em forma de creme e por tempo determinado, para nunca atingir níveis elevados (que não são naturais, fisiológicos, no organismo feminino).
A TRH está disponível em forma de comprimidos, adesivos ou géis. Existem várias marcas para cada um desses tipos de TRH. Possui benefícios e riscos, que são discutidos abaixo. Os benefícios e riscos da TRH variam de acordo com a sua idade e quaisquer outros problemas de saúde que se possa ter.
Benefícios da TRH
O tipo e a dose corretos de TRH podem funcionar muito bem para aliviar os sintomas da menopausa. A TRH é um tratamento seguro e eficaz para a maioria das mulheres saudáveis que estão passando pela menopausa com sintomas. Além de promover o alívio dos sintomas, tais como redução das ondas de calor, melhora nos sintomas geniturinários, melhora na qualidade do sono e estabilização do humor, existem outros benefícios a logo prazo que são inegáveis. Tomar TRH reduz o risco futuro de osteoporose. Mesmo os tipos de baixa dose de TRH fornecem proteção óssea para as mulheres. Iniciar a TRH com menos de 60 anos de idade também reduz o risco de desenvolver doença cardiovascular.
Riscos da TRH
Os riscos da TRH dependem do tipo de TRH que você recebe e também de outros fatores, como idade e saúde geral. E por isso que é tão importante ter uma consulta individualizada com um médico especialista em menopausa onde se possa discutir seus riscos reais. A TRH pode aumentar o risco de desenvolver certos problemas, mas esse aumento de risco é muito pequeno na maioria dos casos.
Mulheres que tomam alguns tipos de TRH em comprimidos apresentam um pequeno aumento no risco de desenvolver um coágulo nas veias ou um derrame. É mais provável que se desenvolva um coágulo ou tenha um derrame se tiver outros fatores de risco para essas condições. Isso inclui ser obesa, ter coágulo ou derrame no passado ou ser fumante. Esse risco de coágulo ou derrame não está presente em mulheres que usam estrogênio pela via transdérmica, em forma de adesivos ou gel, em vez de comprimidos.
Muitas mulheres se preocupam com o câncer de mama ao tomar a TRH. Alguns tipos de TRH não aumentam o risco de câncer de mama, enquanto outros podem aumentar discretamente o risco, com incidência anual de menos de um caso a cada 1000 mulheres por ano. Esse risco aumentado é muito pequeno e depende de outros fatores, incluindo obesidade, tabagismo, sedentarismo, histórico familiar e sua saúde em geral, não somente se usa TRH.
Não há risco aumentado (e provavelmente risco reduzido) de câncer de mama se a mulher teve uma histerectomia no passado e está apenas tomando estrogênio sem progestagênio.
É por isso que é tão importante ter uma consulta individualizada com um médico especialista em menopausa onde você possa discutir os riscos reais.
Existem efeitos colaterais da TRH durante seu uso?
Os efeitos colaterais são problemas que não são graves, mas podem ocorrer em algumas mulheres. Os efeitos colaterais da TRH são incomuns, mas, se ocorrerem, geralmente ocorrem nos primeiros meses após a TRH e, em seguida, acalmam-se com o tempo, à medida que o corpo se ajusta a tomar os hormônios.
Nas primeiras semanas, pode-se sentir algum desconforto nos seios, um pouco de náusea (mais comum em quem usa comprimidos) e até mesmo um leve sangramento vaginal. A TRH administrada via transdérmica (adesivo ou gel) pode ocasionalmente causar irritação na pele e desconforto em algumas mulheres. Com o tempo de uso, esses efeitos tendem a desaparecer. Se tiver efeito colateral com a TRH, deve avisar seu médico especialista em menopausa: este é o profissional melhor capacitado para esclarecer suas dúvidas e avaliar a necessidade de troca e/ou suspensão da TRH.
Quem não pode fazer TRH?
Mulheres com antecedente de câncer de mama e de endométrio, mulheres com distúrbios hepáticos e mulheres com sangramento vaginal de origem desconhecida.
Considerações finais:
- Há mais benefícios para a saúde ao iniciar a TRH cedo
- Não é preciso esperar que os sintomas se tornem graves para iniciar a TRH
- Não há um período máximo de tempo para o qual se pode fazer a TRH
- TRH é benéfica para a maioria das mulheres saudáveis
- Tomar TRH pode devolver a vida às mulheres
Os benefícios da TRH devem ser equilibrados contra quaisquer riscos. O melhor tratamento é aquele individualizado. Informe-se e decida o que é certo para você, sempre acompanhada de perto por um médico especialista em menopausa.